quarta-feira, 9 de maio de 2012

Grande verdade...

Tinha mesmo de partilhar...


Escrito por Eduardo Sá
Sábado, 14 Abril 2012
Todas as crianças têm o direito a ser crianças. E têm o direito a crescer livres, mas com regras, num país amigo das crianças.
Todas as crianças têm o direito a um país cuja Lei do Trabalho preveja que as consultas de obstetrícia sejam, também, uma obrigação de todos os homens à espera dum bebé. Onde as crianças não tenham de sair cedo demais de casa. E onde os berçários e os jardins-de-infância sejam, tendencialmente, gratuitos e para todos, sendo reconhecidos como uma condição essencial para que a educação seja melhor, mais plural e mais bonita.
Todas as crianças têm direito a uma escola que as eduque, antes de instruir. Onde não passem tempo demais, todos os dias. Em que as aulas não sejam tão grandes como têm sido e se poupe nos trabalhos de casa. E em que os recreios sejam maiores em tempo e melhores nas condições de segurança e nos recursos que põem ao dispor de todas as crianças.
Todas as crianças têm, também, direito a livros escolares gratuitos, para todo o ensino obrigatório, que sejam, idealmente, propriedade de cada escola, sendo as crianças obrigadas a acarinhá-los, todos os dias, porque só quando o conhecimento passa de uns para outros, e se trata com cuidado, nos torna sábios.
Numa escola amiga das crianças os professores contam histórias e acarinham, quando ensinam. E haverá, por isso, um quadro de honra para todos os alunos faladores. Porque uma escola que não fala e não escuta vive assustada e fechada sobre si. E, se for assim, educa mal. E não é escola.
Numa escola amiga das crianças todas elas estão obrigadas a ser agressivas. Com maneiras. E a ser leais, umas com as outras. Numa escola amiga das crianças as que fazem queixinhas, a torto e a direito, os alunos exemplares, os alunos solitários e mal-educados, os alunos violentos, e aqueles que repetem mas não pensam são crianças cujos pais têm necessidades educativas especiais. Devem, portanto, ser ajudados. Mas se, teimosamente, não quiserem perceber os perigos com que magoam os filhos, talvez não merecem ser pais.
Num país amigo das crianças, todas elas têm direito a tempo livre. Sem a tutela permanente dos seus pais. E sem ateliês onde façam os trabalhos de casa, onde vejam televisão e onde  tenham de estar quietas e caladas. Aliás, num país assim, todas as crianças terão direito a conversar. Porque só quando se pensa com os outros, conversando com os botões e em voz alta, ao mesmo tempo, se aprende a crescer.
Num país amigo delas, todas as crianças têm direito a brincar. Todos os dias, sem direito a férias, pontes ou feriados. E a brincar com um dos pais, 30 minutos, de segunda a domingo. Têm, também, o direito a ser filhas únicas dos seus pais, uma vez por semana, por um bocadinho. E a ter os pais, ao jantar e depois dele, sem telemóveis e sem televisão, só para a família.

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